No início de 1993 iniciava minha carreira como engenheira já assumindo aresponsabilidade de coordenar um projeto similar ao que desenvolvi na faculdadecomo projeto final.
Trabalhava numa empresa extremamente inovadora, onde naquela época jádesenvolvia soluções para consumo de energia com cartão pré-pago, carros delançamento de foguetes, entre outras inovações.
Começamos a desenvolver também uma solução de monitoramento de frotas viasatélite, primeira no mundo, implementada com integração do GPS e utilizando osistema Inmarsat-C.
O aplicativo de monitoramento on-line estava sendo desenvolvido em Windows,software que acabara de ser lançado e havia poucos desenvolvedores certificados.
Aprenderam na raça neste projeto. Conectividade? Linha discada.
Imaginem quando íamos aos clientes apresentar a solução, explicando a eles quepoderiam acompanhar a frota on-line por uma tela de computador, cujo software amaioria nunca tinha ouvido falar…. Mesmo demonstrando, muitos acreditavam ser uma simulação e não um monitoramento em tempo real.
Lembro que uma grande empresa de cigarros, que tinha na época muitas cargasroubadas, conseguiu recuperar um caminhão acionando a polícia e informando alocalização do veículo 10 minutos após perceber alteração da rota pela tela docomputador, recuperando assim a carga total. Na época esse era o maior problema deste segmento que sofria com inúmeras cargas roubadas. Só esse episódio já pagava todo o investimento feito no nosso serviço.
Em seguida, descobrimos que no mercado de navegação fluvial havia um problema parecido: o furto de combustível. A própria tripulação aproveitava a correnteza do rio para desligar o motor e vendia o combustível economizado nas paradas ao longo do trajeto. E naquela época já tínhamos sensores e alarmes integrados, o que hoje denominamos IoT.
E por que falar sobre isso agora? Porque ao retomar os contatos do mercado denavegação fluvial, tenho ouvido falar dos mesmos problemas nas empresas que, por alguma razão que ainda desconheço, não adotam soluções similares às queoferecíamos em 1994.
É claro que hoje existem avanços e uma variedade de sensores e aplicativos paradiversas demandas e claro que a conectividade também evoluiu. Um bom exemplo para aplicações de navegação fluvial é um tipo de antena estabilizada em banda Ku, com uma ótima relação custo-benefício, viabilizando, assim, aplicações de integração IoT e conectividade via satélite.
Essa tecnologia oferece serviços de alta disponibilidade de até 2,5 Mbps X 512 Kbps, e possuem instalação plug & play, o que facilita a utilização dos mesmos equipamentos para diversas aplicações, podendo, inclusive, deslocá-los para outros lugares sem necessidade de técnicos especializados.
Com os recursos atuais, é possível, por exemplo, monitorar embarcações em tempo real, inclusive se o motor for desligado com elas em movimento ou se pararem em local fora da rota planejada.
Enquanto escrevia esse artigo, leio uma notícia sobre uma embarcação que ficou desaparecida por 17 dias com toda a sua tripulação na divisa do Pará com o Amapá. O barco enfrentou uma tempestade, pegou fogo e naufragou. A tripulação ficou ilhada e, acreditem, foi resgatada graças a um bilhete deixado em uma garrafa PET. Dá pra imaginar uma situação como essa nos dias de hoje?Apesar do avanço da tecnologia há ainda muito espaço e oportunidades para diversos segmentos. Para tanto é importante tanto os clientes quanto os prestadores de serviços estarem atentos às demandas e soluções disponíveis no mercado.
POR ANTONINA BURITI.
